Dilema de viagem - ir ou não ao Zoo?

Essa pergunta vem me perseguindo há um bom tempo. 

Eu adoro animais e por consequência, adoro ir à zoológicos. Já fui várias vezes no de São Paulo, visitei o Zoo de Sorocaba, que é bem bacana. Fui umas três vezes ao zoo de Buenos Aires (mas o de Lujan não tive vontade nem coragem). Levei meus filhos ao GramadoZoo, fui ao zoo de Santiago e ao zoo dentro do Central Park, em NY. Para mim, zoológico é o tipo de passeio que sempre vale a pena numa viagem. Até uns meses atrás. 

No Central Park Zoo



Comecei a pensar muito nos prós e contras dos zoológicos. Muitos tem a promessa de resgate e cuidado com animais, de que tiram os bichinhos de situação de risco, de traficantes, de circos e etc. Mas aí eu penso, o melhor lugar não seria na natureza? Numa reserva natural, onde o bicho tenha espaço para correr e viver uma vida selvagem?


 No Zoo de Sorocaba/SP


E aí semana passada o gorila Harambe foi abatido num zoológico americano depois que um menino pequeno caiu dentro de seu cativeiro. Apesar do menino ter ficado 10 minutos com o gorila sem sofrer ferimentos, até agora não se sabe se o gorila de 17 anos ia ou não atacar o menino Mas é política de grande maioria dos zoológicos abater o animal se uma pessoa entrar em seu habitat. Há algumas semanas, dois leões foram mortos por funcionários no zoológico de Santiago depois de um homem pular dentro de seu habitat. Esse texto aqui expressa bem o que senti quando li as reportagens sobre os casos acima (dica de uma colega blogueira, obrigada, Simone!).

 O gorila Harambe (fonte globo.com)


Eu visitei esses zoológicos todos sem peso na consciência. Juro, sem culpa. Para mim era um bem que estava sendo feito para os animais, na minha cabeça eles estavam lá de boa, sendo cuidados e respeitados. E eu, a doida dos bichos, ficava toda feliz de poder ver de pertinho aquela bicharada toda. Em Buenos Aires você pode comprar um pacotinho de ração e dar para as zebras, cabras, pensa numa pessoa que ficou boba dando comida para eles e gastando todos seus pesos argentinos em ração!

No zoológico de Santiago


Essa questão começou a me incomodar quando vi uma reportagem sobre o Sea World e os escândalos de rapto de orcas e golfinhos para apresentações. E aí já viu, dá um Google aqui, outro acolá, cheguei no documentário Black Fish (assista ao trailer em inglês aqui). O filme foi feito depois que Dawn Brancheau, uma treinadora de orcas do Sea World Orlando, morreu em 2010 durante uma apresentação, atacada pela orca Tilikum. 

Tilikum é uma orca que foi capturada ainda filhote, em águas da Islândia (já que na década de 70 os EUA proibiu a caça de animais marinhos). O mergulhador responsável por sua captura fez uma declaração de profundo arrependimento no documentário Black Fish, disse que foi a pior coisa que ele já fez em toda vida. Depois de capturado, Tilikum foi para um zoológico islandês, depois foi vendido para um parque no Canadá, o Sealand. Lá, vivia num tanque minúsculo com mais duas orcas fêmeas. Em 1991, as três orcas mataram uma jovem treinadora e depois do episódio, o parque fechou e as orcas foram repassadas para o Sea World Orlando.

Eu não tinha essa cabeça antes, tanto que fui toda feliz em 2014 ao Sea World Orlando e adorei! Aí ano passado, quando fui ao Miami Seaquarium (o aquário de Miami) eu já não fiquei tão feliz assim. Me deu uma tristeza imensa assistir ao show dos golfinhos, tanto que saí na metade. E aí comecei a refletir sobre os animais dos zoológicos também, afinal, será que todos são originários do tráfico de animais mesmo? Como um animal fica bem num espaço tão limitado? Sem poder correr, caçar?

Em novembro do ano passado essa questão veio com tudo, quando visitei o GramadoZoo. Apesar dos pássaros viverem voando de lá para cá no habitat deles, os felinos pareciam enclausurados, coitados... a onça andava de um lado pro outro, em movimentos repetitivos, visivelmente estressada. O chão que ela andava estava afundado, inclusive, de tanto que ela fazia esse movimento. E aí lembrei de quando levei meu filho ao Zoo São Paulo e o lobo fazia a mesma coisa que a onça, andava de um lado pro outro, olhar vago, chão fundo. Pensei no sofrimento deles, me senti mal por estar lá "prestigiando" um serviço desses, uma covardia, sei lá. Fiquei culpada.

Meu filho é só um menininho de 4 anos que adora animais, principalmente aquáticos. Ele adora aquários, zoológicos, vive pedindo para levá-lo. Depois da morte de Harambe, tão humano apesar de ser um animal, não paro de pensar nessa questão dos zoológicos. Até que ponto o bem de resgatar um animal compensa o mal que lhes é causado? Seriam os zoológicos meros negócios visando lucro ou eles visam mesmo o bem dos animais? Porque o Sea World caiu muito no meu conceito depois do Blackfish... dizem que eles vão parar com os shows com golfinhos, será verdade? Espero sinceramente que sim!

E eu, apesar de amar (ou justamente por amar), não quero mais ir a zoológicos ou atrações que usem animais. A gente não apoia circo com animais, porque apoiar parques? E você, sabe mais a respeito da preservação de animais por zoológicos para me falar mais? Queria muito saber a proposta do San Diego Zoo, que sempre foi um passeio dos sonhos aqui de casa.

Obrigada pela visita! 
Comentários
5 Comentários

5 comentários:

  1. Para mim essa resposta é fácil: Não visito qualquer zoo, alguns são lugares de pesquisa e resguardo de animais vulneráveis como em risco de extinção, apreendidos do tráfico...
    Mas zoos regulares eu não visito, tenho dó...

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  2. Nunca tinha pensado em deixar de visitar zoos , acho que alguns lugares onde animais ficam bem inadequados : animais grandes em ambientes pequenos é maldade sempre.

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  3. Há opções melhores como visitas à projetos que fazem o resgate, cuidados e soltura de animais. Por exemplo o Projeto TAMAR (que tem várias sedes pelo Brasil) e o Projeto Lontra de Florianópolis. ;)

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  4. Eu acho que se o local for também um centro de pesquisa e recuperação de animais, qual o problema? Visitamos o parque das Aves em Foz recentemente e saí encantada com o trabalho social que eles fazem.
    Beijos, Fran

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  5. Eu visitei o Lujan por curiosidade, e fiquei pasma como os bichos estão e são dopados. Uma judiação. Lendo seu texto me fez relembrar e refletir sobre a visita.

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